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Padilha prevê de 58 a 62 votos contra Dilma no Senado

Terça-feira, 09 de agosto de 2016  

Padilha prevê de 58 a 62 votos contra Dilma no Senado from EliseuPadilha on Vimeo.


Para ministro, delação da Odebrecht não evita impeachment nem prejudica Temer

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, prevê de 58 a 62 votos no Senado a favor do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Ele acredita que esse será o resultado da votação desta semana. O Senado decidirá entre hoje e amanhã se aprovará o relatório que recomenda o impedimento e se realizará um julgamento definitivo de Dilma.

“Eu chequei hoje [segunda] pela manhã e agora à noite nós teremos uma reunião sobre isso, mas a nossa contabilidade é 60, o número cravado. De 58 a 62, mas o meio, 60, é o número que, se a votação fosse hoje, nós teríamos. A votação será amanhã. Nós já vamos ver qual será o número”, afirmou, em entrevista no final da tarde desta segunda ao SBT.

Padilha declarou que as delações de executivos da Odebrecht não conseguirão evitar o impeachment de Dilma nem vão desestabilizar Michel Temer se ele virar presidente efetivo. Reportagens da revista “Veja” e da “Folha de S.Paulo” trouxeram no fim de semana citações a Temer, Padilha, Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e José Serra, ministro das Relações Exteriores e presidenciável do PSDB.

A respeito de um jantar em 2014 no Palácio do Jaburu no qual teria sido acertada contribuição de caixa 2 da Odebrecht para o PMDB, o ministro da Casa Civil declara: “Eu realmente estive no jantar, vi quando foi dito pelo Marcelo Odebrecht que iria analisar a hipótese de ajudar o partido. Mas a premissa era fazer contribuição para o partido na forma legal, o que aconteceu. Aconteceram contribuições. Quanto ao mais, a delação, por enquanto nós sabemos que ela poderá vir a existir. Falar sobre o que a gente não conhece o teor é complicado. Eu, pessoalmente, prefiro não falar. O que eu tinha que falar sobre o tema, já falei. Acho que tem de esperar a homologação judicial, a publicidade. A gente conhecer, afinal, e aí, então, poder se manifestar objetivamente”.

Indagado se houve menção ao valor de R$ 10 milhões nesse jantar, do qual participara ele, Temer e Marcelo Odebrecht, o ministro da Casa Civil respondeu: “Não”. Segundo a revista “Veja”, delações de executivos da Odebrecht apontarão transferência de R$ 10 milhões em caixa 2 ao PMDB. Desse valor, Padilha teria recebido R$ 4 milhões. Skaf, R$ 6 milhões. Ambos negam ter recebido tais quantias.

Padilha afirmou que a reforma da Previdência estabelecerá idade mínima de 65 anos para aposentadoria. Mas ressalvou que, a pedido de Temer, professores e mulheres começarão com 62 até atingir o limite de 65 anos.

O ministro confirmou que a tendência é que uma nova regra de aposentadoria valha para quem tem menos de 50 anos. Acima dessa idade, haveria uma norma de transição. “E quem tem de 50 para cima, sobre o tempo que falta para a aposentadoria haverá um pedágio. Vai pagar entre 40 e 50%. Por exemplo, faltam 10 meses? Ele vai ter de trabalhar, se for 40%, 14 meses. Ou 15 meses”.

Padilha afirmou que será feito “um estudo” para avaliar a possibilidade de dar um benefício maior a quem contribua durante mais tempo.

Ele confirmou que o governo pretende recriar o Ministério do Desenvolvimento Agrário. A seguir, a íntegra em texto da entrevista com o ministro da Casa Civil:

Kennedy Alencar:
O SBT Entrevista hoje o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Ministro, obrigado por nos dar esta entrevista.

Eliseu Padilha: A alegria é minha de estar aqui e poder compartilhar desse contato diário que fazem com todo o Brasil.

KA: Tudo bem com o sr?

EP: Tudo bem. Trabalhando muito. Aliás, trabalhando com nunca antes, mas com alegria, porque a gente vê que as coisas estão acontecendo.

KA: Os telespectadores do SBT têm muito interesse na reforma da Previdência, que é uma discussão que vai mexer com a vida de todo mundo. O sr. está coordenando o trabalho para apresentar uma proposta ao Congresso Nacional. Há uma expectativa de se apresentar isso ainda neste ano. A aprovação na Câmara o governo espera que aconteça ainda neste ano. No Senado, deve ficar para o ano que vem, por questões de prazo. Mas já tem um projeto sobre o qual está se falando muito. Tenho alguns tópicos que eu queria saber se o sr. pode nos esclarecer: idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, está decidido que será isso?

EP: Veja, nós buscamos o parâmetro internacional. Hoje, nos países similares ao Brasil, em desenvolvimento, e já em outros países mais desenvolvidos, o piso é 65 e se começa a mirar em 70 anos. Já tem 66, 67 e 68. Ainda não tem 69, mas logo chega lá. Por que isso? Nós, brasileiros, envelhecemos sem termos ficado ricos. Nós não temos ainda a substância para manter tanta gente na terceira idade, tantos idosos que vão receber em razão de um processo que é de repartimento simples. O nosso sistema não tem cálculo atuarial. O tanto que recebe, divide por aquelas pessoas.

KA: Se não fizer a reforma, vai faltar dinheiro no futuro para pagar. É isso?

EP: No ano passado, o déficit foi de R$ 86 bilhões. Neste ano, será de R$ 146 bilhões. No ano que vem, entre R$ 180 bilhões e R$ 200 bilhões, e este é o caminho. Rapidamente, entre 2025 e 2030, o Orçamento da União não terá condições de suportar só a Previdência, o serviço da dívida e os custos correntes do Estado. Quer dizer, nós não teremos mais condições de fazer absolutamente nada. E mais, se nós não fizermos a reforma, o sistema se torna inviável. Como, por exemplo, neste momento está acontecendo na Grécia. Todos os pensionistas que recebem aposentadoria lá têm cortado um determinado valor, porque o sistema não consegue suportar.

KA: E a idade mínima?

EP: A idade mínima, para o raciocínio no Brasil, será de 65 anos para os dois sexos. O que disse o presidente? Com as mulheres e com os professores, eu, Michel Temer, quero que seja dado um tratamento especial para que a transição seja mais longa, para que não se tenha imediatamente o impacto nessa direção. Resumo: o presidente Temer determinou que os professores e as mulheres ainda tenham um tratamento diferenciado durante alguns anos.


KA: Haverá uma regra de transição para que professores e mulheres, em algum momento, cheguem a 65 anos também?

EP: É isso, só será mais longa.

KA: Mesma regra para trabalhadores da iniciativa privada e para servidores públicos?


EP: Sim. A ideia do presidente é que nós tenhamos um sistema único. Diz ele que todos os brasileiros são iguais perante a lei. Então, servidores públicos e iniciativa privada. Os institutos poderão ser independentes, porque a forma de contribuição de cada interessado pode ser diferenciada. Não precisa ser um único sistema. Sistemas podem permanecer independentes. Mas as regras, sim, o presidente quer que sejam as mesmas. A exceção são as Forças Armadas do Brasil.

KA: Por que, ministro? No ano passado, as pensões e aposentadorias de militares superaram em R$ 35 bilhões o que os militares na ativa contribuíram para esse sistema ficar de pé. E representam quase a metade, cerca de 45%, do déficit da Previdência que é paga pelo Governo Federal aos servidores inativos. Não seria justo que os militares também estivessem nessa regra?

EP: Vamos aonde se sustentam as pensões dos militares, o que é hoje um benefício, não é aposentadoria. Primeiro, não tem sistema de previdência dos militares. Eles não estão incluídos nos servidores públicos. A Constituição garantiu aos militares, no tempo em que eles estão em serviço, uma remuneração e no tempo em que passam para a reserva, mas que continuam à disposição do Estado, eles terão, então, um benefício. O custeio é feito direto pelo Orçamento Geral da União historicamente, não há nenhuma inovação. O que nós vimos é que a carreira dos militares acabou ficando defasada em relação às demais carreiras no que tange à remuneração. Este é um tema que preocupa o presidente e que preocupa toda a sociedade brasileira. Para que nós tenhamos dentre os profissionais que se dedicam a carreiras de Estado também uma similitude. Então, poder-se-á pensar, no futuro, em algo que possa trazer também os militares. Agora, não há. Porque não tem sistema dos militares.


KA: Na reforma atual eles estão fora?

EP: Eles estão fora. Eles nunca estiveram dentro. Não existe o sistema previdenciário. Botar eles para dentro? Hoje, eles têm suas carreiras defasadas. Nós teríamos que fazer todo um processo longo. Então, vamos deixar eles separados. Está previsto na Constituição. E o custeio sai do Orçamento Geral da União.

KA: Há uma ideia, pelo que eu entendi, de, no futuro, haver algum tipo de regra específica para os militares?


EP: O que dizem eles, militares? Eles gostariam de ter a sua carreira equiparada às demais carreiras de Estado. Porque houve, no curso do tempo, uma defasagem em relação aos militares. Não é o caso de discutirmos agora, mas eles foram perdendo na comparação e as demais carreiras foram subindo.

KA: Está decidido que quem tem menos de 50 anos vai entrar na regra nova e vai ter de esperar para se aposentar com a idade mínima de 65, se for homem?

EP: O estudo que nós temos… Veja, falo ainda em estudo. Nós estamos dialogando com as centrais sindicais, com as confederações, mas queremos dialogar, principalmente, com o cidadão. Queremos dialogar com o José, com o João, com o Pedro. Afinal de contas, quem paga a conta é ele, o cidadão. E quem tem interesse em receber ou não a aposentadoria é o cidadão. Nós temos como sugestão um ponto de corte nos 50 anos. Porque vai dar uma transição de 15 anos se nós considerarmos a idade de 65. Então, quem tem de 50 para baixo entra no novo sistema. E quem tem de 50 para cima, sobre o tempo que falta para a aposentadoria haverá um pedágio, vai pagar entre 40 e 50%. Por exemplo, faltam 10 meses? Ele vai ter de trabalhar, se for 40%, 14 meses. Ou 15 meses. Se faltam dois anos, em tese, são 48 meses. Nós multiplicamos por 40% e vamos ver que ele pagará sempre um pouco mais do que ele está hoje. Mas aí é uma distinção que o presidente Temer sempre faz, é questão de não ofender direitos adquiridos. O que é isso? Quando o sujeito já preenche todos os requisitos da lei hoje em vigor, ele não pode ser atingido por nenhuma reforma. Esse tem o direito dele preservado. Não precisa correr para o posto do INSS, fique tranquilo, porque todo o seu direito vai ser observado. Quem está com expectativa de direito, quem está construindo pelo trabalho, quem está acima do 50 anos e trabalhando, esse está já com um processo de aquisição de direitos que ele vai consolidar obedecendo as novas regras.

KA: E a ideia é de 40% ou, no máximo, 50% a mais de tempo de trabalho em relação ao que tinha. O pedágio é esse?

EP: Pronto, ao que falta para aposentar. É isso.

KA: E quem tem menos de 50 anos, ministro?

EP: Entra nas novas regras na plenitude. Vai entrar na idade mínima.


KA: Tem um caso que eu queria discutir. Se o cidadão começou a trabalhar com 25 anos, quando ele tiver 65, vai ter contribuído por 40 anos. Se ele tiver começado a trabalhar aos 20, serão 45 anos de contribuição. O valor do benefício será diferente? Ele será maior para quem contribuiu por mais tempo?

EP: Veja, o nosso sistema é deficitário. Então, eu vejo que essas contribuições que serão feitas a mais vão ajudar a reduzirmos o déficit hoje existente. R$ 86 bilhões no ano passado, R$ 146 bilhões este ano, R$ 200 bilhões no ano que vem. Também por isso é que se faz essa fixação de uma idade mínima.

KA: Mas não é injusto com quem trabalha mais tempo? Por exemplo, o cidadão começou a trabalhar mais cedo e contribuiu por 45 anos. O outro contribuiu com 40. Quando ele chegar aos 65, vai receber o mesmo benefício?

EP: Entendi o raciocínio. Aí, o que se pode fazer é que, quem tiver 35 anos [de contribuição] recebe a aposentadoria base. Isso eu estou trabalhando na sua linha de raciocínio. Se quisermos fazer justiça a quem tiver mais do que 35 anos de contribuição, poder-se-á estabelecer alguma porcentagem. Essa é uma ideia que já surgiu de parte das centrais sindicais, e a gente ficou de estudar.

KA: Porque é uma questão, ministro, que os mais pobres começam a trabalhar mais cedo no Brasil. Tem gente que começa a trabalhar com 15 ou 16 anos de idade. Se começou a trabalhar com 15 anos e vai se aposentar com 65, são 50 anos de contribuição.

EP: O presidente diz que a Constituição estabelece duas condições que são cumulativas: 35 anos de contribuição e 65 anos de idade. Ele diz que são cumulativas. Então, se nós tivermos mais que 35 anos, e esta é a hipótese, quer me parecer que merece um estudo, como já foi solicitado e a gente está realizando.


KA: Um estudo para que ele tenha um ganho maior?


EP: Para ver até que ponto, porque o sistema é deficitário. Cada vez que se falar em ganho maior, aumenta o déficit do sistema. Nós temos de ver se o sistema alcança a sustentabilidade. Caso contrário, repito, sempre é o João, o José, o Pedro, é o nosso espectador que é o interessado, mas é quem paga a conta.

KA: Vamos passar um pouco para a política. A revista Veja publicou neste fim de semana uma reportagem. O sr. já respondeu a respeito dela e o presidente Temer também. Mas é uma reportagem importante, que diz que o Marcelo Odebrecht esteve no Palácio do Jaburu em 2014, em uma reunião com o presidente Temer e com o sr., houve um pedido de ajuda para o PMDB. Segundo a reportagem, teriam sido entregues ao sr. R$ 4 milhões e ao Paulo Skaf, R$ 6 milhões. O sr. disse que não recebeu esse dinheiro e que nem foi candidato em 2014. O Skaf também nega. Uma delação premiada, a gente sabe, só tem valor se puder ser provada na Justiça. O Marcelo Odebrecht e os delatores da Odebrecht estão mentindo?


EP: Eu já respondi àquilo de que participei. Eu realmente estive no jantar, vi quando foi dito pelo Marcelo Odebrecht que iria analisar a hipótese de ajudar o partido. Mas a premissa era de fazer contribuição para o partido na forma legal, o que aconteceu. Aconteceram contribuições. Quanto ao mais, a delação, por enquanto nós sabemos que ela poderá vir a existir. Falar sobre o que a gente não conhece o teor é complicado. Eu, pessoalmente, prefiro não falar. O que eu tinha que falar sobre o tema, já falei. Acho que tem de esperar a homologação judicial, a publicidade. A gente conhecer, afinal, e aí, então, poder se manifestar objetivamente.

KA: Nesse jantar não teve conversa desses R$ 10 milhões?

EP: Não.


KA: A “Folha de S.Paulo” publicou uma reportagem sobre José Serra, que é ministro das Relações Exteriores. Diz que ele recebeu R$ 23 milhões de caixa 2 da Odebrecht [na campanha presidencial de 2010]. O Serra também nega, diz que recebeu uma doação legal, como o sr. também falou e como o PT também fala. Todo mundo tem feito esse mesmo discurso. Para o sr., que está acompanhando o processo de impeachment _a partir de 25 de agosto deve haver a votação_ há alguma chance disso influenciar a ponto da presidente Dilma retomar o poder?

EP: Eu penso que não. E eu sou das pessoas que falam com os senadores e todos ali estão convivendo com esse tipo de problema já muito tempo, vendo delações, vendo afirmações. Eu penso que o que estará em jogo é aquilo que o Brasil já está vendo acontecer. Nós estamos mostrando que o Brasil tem, sim, forma de voltar a crescer. Nós propusemos medidas altamente positivas, como um ajuste fiscal duríssimo, dez anos sem aumento das despesas. Estamos revendo uma lei para as agências reguladoras, a Lei Geral das Agências Reguladoras, para dar confiança ao investidor interno e externo. Porque o Brasil precisa, temos 11 milhões de desempregados. Nós necessitamos que venha capital da iniciativa privada, porque o setor público não tem dinheiro para fazer os investimentos. E a iniciativa privada interna e do exterior precisa ter garantia, precisa ter segurança. Criamos o Estatuto da Empresa Pública, em que exigimos qualificação e experiência naquela atividade para que o sujeito possa ser diretor de empresa pública. Os fundos de pensão caminham na mesma direção, tem que ter experiência, tem que ter formação. Nós estamos buscando reconstruir a confiança no Estado brasileiro.

KA: Temer diz que está governando como se fosse em definitivo. O sr. fala isso. Me lembro que na época da votação na Câmara do pedido de abertura do processo de impeachment, o sr., nos bastidores, tinha o cálculo mais aproximado daquele placar. Desde a época da reeleição do Fernando Henrique, o sr. tem uma fama muito boa de acertar os cálculos dessa planilha de votações no Congresso. Agora, na votação que haverá a partir do dia 25, e nós teremos amanhã também o chamado juízo de pronúncia a respeito desse processo, integrantes do governo Temer dizem que já têm mais de 60 votos a favor do impeachment em definitivo da presidente Dilma. Qual é a contabilidade do sr. para essa votação?


EP: Eu chequei hoje pela manhã e agora à noite nós teremos uma reunião sobre isso, mas a nossa contabilidade é 60, o número cravado. De 58 a 62, mas o meio, 60, é o número que, se a votação fosse hoje, nós teríamos. A votação será amanhã. Nós já vamos ver qual será o número.


KA: O sr. acha que a votação de amanhã já é uma prévia?

EP: A votação de amanhã deve crescer em relação ao que foi a votação anterior. Será necessário apenas a maioria absoluta. E teve 55. E nós temos cinco votos novos certos. Com isso, nós contamos com 60 votos incondicionalmente.


KA: Uma última pergunta sobre as delações da Odebrecht e da OAS. Elas estão em andamento, estão em negociação. De alguma maneira, elas podem atrapalhar a estabilidade de um futuro governo Temer se houver uma confirmação do impeachment da Dilma?


EP: Eu penso que não. Na medida em que o presidente Temer tem convicção absoluta daquilo que ele diz e a sociedade tem dado respaldo, os indicadores de confiança do consumidor, dos empresários, todos os indicadores são altamente positivos, eu penso que não. Nós poderemos conviver ainda, porque politicamente se explora muito esses fatos. Haverá exploração, eu não tenho dúvida nenhuma, mas quem tem que tomar decisões sabe qual é o rumo em que a gente está andando.

KA: E o impeachment definitivo da presidente fortalece o Temer para a negociação com o Congresso?

EP: Claro. A interinidade, queiramos ou não, é interinidade. Em que pese que o presidente governe como quem está governando para sempre, com tanta dedicação, não tem noite, não tem trabalho que termine antes da meia-noite, não tem noite de folga, começa cedo e termina muito tarde. Então, ele está governando como se tivesse toda a vida para frente para governar. Agora, a interinidade sempre é problema.

KA: Ministro, o procurador da República Carlos Fernandes dos Santos Lima, ao falar da Operação Resta Um, que foi uma última fase da Lava Jato, disse que “o problema da corrupção é estrutural da política brasileira”. Seria uma boa ideia, por exemplo, um acordo de leniência para os partidos políticos, a exemplo do que acontece com as empresas no âmbito da Lava Jato?


EP: O presidente Temer me pagou a missão de coordenar a elaboração de uma nova lei da leniência. Como é que a gente está construindo? Ouvindo a Procuradoria-Geral da República, o Tribunal de Contas da União, a Advocacia-Geral da União e o Ministério da Transparência, antiga CGU, é que coordena faticamente este assunto, sob aquilo que o presidente disse que deveria ser, as orientações do Palácio, que coube a mim transferir. Eu penso que nós estamos dando o primeiro passo no que diz respeito às empresas. Como partido político, eu sou dirigente partidário e sou visto, em que pese não esteja no exercício de mandato, não tenha disputado a última eleição nem pretenda disputar a eleição, mas sou visto como político, eu penso que avançar neste terreno, para mim, seria desaconselhável. No que diz respeito às empresas, eu tenho a missão dada pelo presidente. Estamos construindo, mas sempre ouvindo quem não pode, de forma nenhuma, deixar de ser ouvido. Ministério Público e o Tribunal de Contas da União.


KA: O sr. tem reservas a esta ideia? Não sabe se seria uma boa ideia uma leniência de partidos?

EP: Eu penso que ainda é prematuro, a gente deve ver como é que vai funcionar com as empresas primeiro para depois a gente caminhar nessa direção, se for o caso.

KA: O sr. falou há pouco de medidas econômicas que implementaram, como essa proposta de um teto para limitar o crescimento das despesas públicas. O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) deu entrevista ao SBT e falou da necessidade de um ajuste fiscal. No entanto, há no mercado sinais de uma certa impaciência com a demora na implementação dessas medidas. E houve algumas concessões fiscais, aumentos de salário para algumas corporações. Como é que o sr. responde a essa crítica, no geral, de que houve concessões fiscais? E, em particular, se há apoio do governo para o projeto que está no Senado aumentando o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal?


EP: Vamos por partes. Primeiro, não há contradição nenhuma na ação do governo. Porque o governo fixou um teto por dez anos. Não há registro na história da República brasileira de nós termos o teto de despesas fixado, não podendo crescer mais do que a inflação, por dez anos. Desde 1996 até agora, em 2016, nós estamos com as despesas crescendo mais do que a inflação.

KA: O sr. acredita que o Congresso vai aprovar essa medida?


EP: É uma questão de sobrevivência do Estado brasileiro. O Estado existe, o nosso cidadão sabe disso, como um prestador de serviços para o cidadão. Ele não pode consumir tudo aquilo que ele arrecada dentro da sua própria estrutura. Ele tem que conter as suas despesas para que ele possa ser um efetivo entregador de serviços para a comunidade. Então, nós temos certeza absoluta que o caminho do ajuste fiscal está bem traçado, o Congresso Nacional apoia, e os aumentos que foram dados para servidores estão previstos no orçamento deste ano e estão previstos por nós já para aquele déficit de R$ 170,5 bilhões. Porque foram acordos celebrados pelo governo anterior, inclusive no ano passado a maioria deles. Categorias que não tinham aumento desde 2011, 2012.

KA: Os srs. eram obrigados a cumprir esse acordo?

EP: Se tem um acordo assinado pelo governo, independe a pessoa que esteja representando o Estado. Foi o Estado brasileiro. Se não cumpre com os servidores… E vamos também ser práticos politicamente. Será que haveria condições, neste momento, nós com tanta gente no Brasil, tantos aviões entrando nos nossos aeroportos, de que a Polícia Federal e a Receita Federal fizessem greve nos aeroportos, como houve tarjas nos braços de “estamos em estado de greve”, e ainda fazendo o trabalho que deveriam fazer? Com isso, nós teremos a condição de governar sem ter de nos preocupar com negociações novas com os trabalhadores.


KA: E a questão do teto salarial dos servidores públicos? Se houver um aumento do salário dos ministros do STF, o sr. sabe que pode haver um efeito cascata em todas as esferas de poder e nos Estados e municípios. O governo vai apoiar esse projeto?

EP: Qual é a orientação do presidente sobre o assunto? O projeto passou na Câmara, chegou ao Senado. Passou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. Está criada a comissão especial. O presidente disse que, quando e se for necessário, quando chegar o momento de votação o governo tomará uma posição. Ele não este entre os projetos que tiveram acordos assinados.

KA: Não há compromisso do governo para aprovar?


EP: Não houve acordo assinado com o governo anterior nem com o presidente Michel Temer.

KA: Portanto, não há um compromisso deste governo com esse projeto.

EP: Pelo menos, não há nada firmado com o governo.


KA: Se aprovado o impeachment da presidente Dilma, haverá uma reforma ministerial? Recriação do Ministério do Desenvolvimento, uma mulher no ministério?

EP: Possivelmente, nós vamos ter a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que o presidente Temer prometeu para a categoria. E, por razões que são absolutamente compreensíveis, essa é uma área que, no Brasil, necessita de um ministério. Nós temos centenas de milhares de pessoas assentadas, nos assentamentos rurais, que não têm títulos. Nós temos centenas de milhares de pessoas que, com o título na mão, poderiam cuidar de suas vidas, procurar fazer o seu próprio financiamento, começar uma vida econômica, e hoje não conseguem porque não estão tituladas. É uma. Dois, nós temos assentamentos em todo o Brasil que não têm as mínimas condições humanas de ocupação e que têm que ser revistos. Então, resumidamente, nós temos que ter um ministro que pense sobre isso.


KA: Então foi um erro acabar com esse ministério e vai corrigir o erro?

EP: Não digo que tenha sido um erro. No início, houve uma tentativa de junção do Ministério do Desenvolvimento Agrário com o Ministério do Desenvolvimento Social. Houve, politicamente, uma reação muito forte, não aconteceu a junção e tornou-se, então, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, que vai voltar a ser Ministério.

KA: E a questão da diversidade? Haverá uma mulher no ministério?

EP: O presidente Temer tentou muito trazer mulheres. Ele convidou mais de seis mulheres. Infelizmente, nós não temos ainda na política a mesma disponibilidade de mulheres que nós temos, por exemplo, para as carreiras do Ministério Público, da judicatura. Se nós formos ver, em alguns concursos passam mais mulheres do que homens.

KA: O Brasil ainda é um país machista, inclusive na política.

EP: A política é um gueto de resistência. O que a gente olha nas Câmaras de Vereadores, nas Assembleias Legislativas, nos secretariados municipais, nos secretariados estaduais, acaba ressonando também aqui em Brasília no ministério e no Congresso Nacional.

KA: Ministro, para encerrar, se o presidente Temer, que hoje é interino, for confirmado em definitivo, qual vai ser, em poucas palavras, a prioridade dele?

EP: O presidente tem dito o seguinte: eu deixarei a vida pública, ao final do mandato, muito agradecido a Deus, porque ele já terá me dado muito mais do que esperava se eu conseguir botar o Brasil nos trilhos. E o que é botar o Brasil nos trilhos? É retomar o crescimento, fazer com que o Brasil seja novamente um porto para a atracação dos investimentos internacionais. E que tenhamos aqui dentro, então, geração de renda, distribuição de renda. Nós termos aquilo que é o sonho de todo brasileiro: uma verdadeira justiça social, em que aquele que contribua para que o Brasil seja grande, como será, que ele tenha um encontro marcado. Vou repetir aqui o que disse o presidente de Portugal sábado passado, na abertura das Olimpíadas, num almoço em que eu estava: “Vocês, brasileiros, são o país líder mundial. Vocês são um país de ponta, vocês são um país que tem tudo para ser um grande país. Você apenas precisam acreditar. Vocês têm tudo, só têm que acreditar”



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