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"Não somos bem avaliados, mas não somos execrados", diz Padilha

Segunda-feira, 15 de maio de 2017  

Brasília (DF) - Em uma autocrítica sobre o governo de Michel Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (RS), diz que a crise econômica ainda não foi totalmente revertida e que a população brasileira não está contente. Segundo ele, a atual administração não é bem avaliada, mas também não é “execrada pela população”.

Em balanço à Folha de um ano da gestão peemedebista, a ser completado na sexta (12), ele reconhece que devem ter sido cometidos equívocos. Avalia que o senador Renan Calheiros (AL) é “indispensável” para o atual governo e que, para a eleição presidencial de 2018, “não há solução” fora da política.

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Folha - Em um ano, qual a maior conquista de Temer?

Eliseu Padilha - A constituição de uma aliança forte com o Legislativo, uma base de sustentação não vista em tempo de democracia no país. São 411 deputados, dos quais 330 votam sistematicamente com o governo.

Folha - E o maior erro?

Eliseu Padilha – Seguramente, nós devemos ter cometido erro também. Mas, por óbvio, não serei eu quem vou apontar.

Folha – Por que a economia se recupera em ritmo mais lento do que era esperado?

Eliseu Padilha -Temos sinais de reversão da crise. No começo, não são muito fortes. Vem uma crise profunda, estabiliza e, depois, começa a sair dela. Vivemos a saída da crise.

Folha – Quando a economia dará sinais fortes de recuperação?

Eliseu Padilha – No fim do segundo semestre deste ano e no primeiro semestre do ano que vem.

Folha - A população tem dado sinais de insatisfação.

Eliseu Padilha – O governo procura, com a maior brevidade, fazer com que o país volte ao nível de crescimento, gere empregos, distribua renda, retome a arrecadação. Quando a economia vai bem, temos esses fatores e todo mundo tem a sensação de ir bem. Quando a economia vai mal, e ela ia mal, nós temos a sensação de que a coisa não vai bem.

Folha – Como interpreta a impopularidade do governo? A insatisfação se justifica?

Eliseu Padilha – O governo tem humildade suficiente para saber quando a população está contente ou não. Neste momento, sabemos que a crise ainda não foi revertida por inteiro, logo, a população não está contente. As pesquisas de popularidade não são surpresa, compreendemos as razões. Mas temos esperança de reverter com alguma rapidez.

Folha - Em 2015, Temer disse que seria difícil Dilma Rousseff resistir até o fim do mandato com popularidade baixa. Como ele vai chegar ao fim de 2018 com essa popularidade?

Eliseu Padilha – Ele pode chegar com toda franquia que tem hoje no Congresso. Essa é a grande diferença. Nós temos uma base de sustentação política muito consistente.

Folha – Se tem uma base consistente, por que tem dificuldades na reforma da Previdência?

Eliseu Padilha – Todos os projetos que o governo mandou para o Congresso foram aprovados. Com a reforma da Previdência, vai acontecer a mesma coisa. Será colocada em votação quando tivermos certeza de que temos os votos.

Folha - O governo tem plano B, caso a reforma não seja aprovada?

Eliseu Padilha – Trabalhamos com a reforma como se ela estivesse sendo aprovada, como efetivamente será. Não tem plano B.

Folha - Quantos votos há hoje?

Eliseu Padilha – Devemos estar muito próximos do número necessário para aprovação, de 308. Temos o levantamento feito, mas não é ainda conclusivo.

Folha - Depois da fase das reformas, qual será o foco do governo?

Eliseu Padilha – Temos ainda [as reformas] fiscal e política, ainda este ano. O governo também busca de parceiros do setor privado e temos grandes empreendimentos para acelerar.

Folha – Quando a reforma tributária será apresentada?

Eliseu Padilha – Quando terminarmos com o andamento das duas reformas que tramitam no Congresso, vamos trabalhá-la. Não convém misturar mais reformas neste momento.

Folha - O sr. diz que o brasileiro paga muito imposto no consumo e pouco nos ganhos de capital. O governo vai atacar isso?

Eliseu Padilha – Penso que o presidente tem mais razão em simplificar o sistema vigente do que alterar o sistema tributário. Não sei se, neste momento, temos clima para essa alteração.

Folha - As críticas do líder do PMDB, Renan Calheiros, às reformas surpreendem o governo?

Eliseu Padilha – Renan é um dos homens públicos de maior competência política. Sempre é bom contar com o apoio dele. Ele está junto conosco, mas tem manifestado discordâncias. Ele é absolutamente indispensável, precisamos e vamos contar com ele.

Folha - Como o governo vai convencer outros parlamentares a votar por reformas impopulares?

Eliseu Padilha – O problema são as consequências de não votar a reforma da Previdência. Se a economia estiver bem, os políticos terão todas as condições eleitorais. Se estiver mal, vamos ter problema para todos que estão hoje no Congresso.

Folha - Isso vale para Temer?

Eliseu Padilha – Ele tem declarado enfaticamente que não será candidato. Por óbvio que, se a economia estiver muito bem, alguém do governo poderia estar bem eleitoralmente.

Folha - O Planalto demitiu aliados de deputados que votaram contra o governo. Trata-se de “toma lá, dá cá”?

Eliseu Padilha – Ou tu é governo ou tu é oposição. Quem não vota com o governo dá sinais de que não gostaria de continuar.

Folha - A Lava Jato fragilizou o governo e o Congresso?

Eliseu Padilha – São dois procedimentos completamente distintos: o de governar e o de promover as apurações. Nós temos que governar, e o Poder Judiciário e o Ministério Público têm que fazer a Lava Jato alcançar seus resultados.

Folha - Claudio Melo Filho, da Odebrecht, disse que mandou entregar R$ 10 milhões no escritório de José Yunes para financiar campanhas do PMDB. Yunes disse que o dinheiro foi entregue a seu pedido.

Eliseu Padilha – Em relação à Lava Jato, só devo falar, e estou orientado por meus advogados, nos autos do processo.

Folha - A impopularidade de Temer se reflete sobre candidatos de partidos governistas?

Eliseu Padilha - As ações do governo não sofrem grandes discordâncias, haja vista as manifestações que tivemos. O governo não é bem avaliado pela população, mas também não é um governo que esteja sendo execrado.

Gustavo Uribe e Bruno Boghossian (Folha de S.Paulo)

Entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo – em 11 de maio de 2017



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